Pensamentos Pedroso®

Ontem finalmente assisti ao recém estreado e muitíssimo comentado filme do Quentin Tarantino - Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds). Como habitualmente acontece nas obras cinematográficas realizadas por Tarantino, e dessa vez não foi diferente, ele continua misturando linguagens, épocas e escolas distintas, obtendo um resultado final singular (marca registrada das suas produções).

Contando com um belo elenco internacional, Bastardos Inglórios é uma fábula de motivação histórica, que aborda numa linguagem muita irônica e de muita violência (como sempre), os aspectos da II Guerra Mundial, destacando em particular a importância dada pelo III Reich ao cinema alemão produzido na época.

O filme é dividido em capítulos e segue uma narração semelhante ao filme "Kill Bill". Durante o transcorrer do filme fica evidente que Tarantino procurou imprimir em cada um dos capítulos uma estética  diferente (bem ao seu estilo). Quero destacar aqui a magistral sequência inicial, brilhantemente ambientada na área rural francesa nos primeiros anos da ocupação nazista, parece uma daquelas cenas de western, identificada não apenas pela topografia da paisagem, mas também pelos detalhes do cenário e pela trilha musical:  o mesmo tema de Álamo, de John Wayne (1960).

A história inicia na França ocupada pelos nazistas, onde a personagem judia Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent), vivencia a execução de sua família pelos soldados nazistas sob o comando do frio e experiente coronel Hans Landa (Christoph Waltz), sem dúvida a melhor interpretação do filme (tanto que escreverei um parágrafo sobre o seu personagem, abaixo). A jovem Shosanna após escapar da execução foge para Paris, criando uma nova identidade e planejando a sua vingança. Enquanto isso, também na Europa, o tenente Aldo Raine (Brad Pitt) inferniza e amedronta os nazistas do III Reich ao lado dos seus soldados judeus conhecidos como Os Bastardos.

Acima havia comentado que o ator Christoph Waltz merecia sua própria crítica, dedico-lhe ao menos esse parágrafo. O ator austríaco não dá chance a quem quer que divida a cena com ele. Seu vilão é tão sensacional que Bastardos Inglórios torna-se, sem querer, quase aquele tipo de filme em que são os antagonistas que realmente valem o ingresso. E o Brad Pitt? Bom e caricato, como o filme exige. Mas Waltz está simplesmente em outra esfera de talento.

E por falar em caricatura, os personagens são muito bem explorados no filme, é interessante e ao mesmo tempo divertido observar como Tarantino conscientemente reduz os personagens aos seus estereótipos conhecidos (o americano caipira e bruto, a francesa blasé, o inglês supereducado, os nazistas engomadinhos...).

Por fim um pouquinho de polêmica! Nos filmes de Tarantino sempre haverá espaço para a eterna discussão sobre a maneira como o diretor aborda a violência. Uns amam, outros odeiam. Se considerarmos os filmes anteriores do diretor, achei que desta vez a violência ficou "contida", deixada para poucos momentos de impacto. Mas quero registrar aqui que definitivamente não me importo em ver escalpos e tacos de baseball esfacelando cabeças, acho que o cinema de Tarantino tem "certa" propriedade "anestésica" em relação à sangreira na tela. Ele consegue transformar o "gore" em "cool" dentro e para determinados públicos.

Continuo achando Tarantino um maravilhoso cineasta (assisto a tudo que ele "coloca a mão"), porém as vezes o considero um eterno adolescente fascinado por seus "brinquedinhos", mas nem por isso Tarantino deixará de cultivar o seu público fiel, do qual eu me incluo.

Trailer Oficial do Filme Bastardos Inglórios