O Rio Grande do Sul ao longo dos anos quase sempre encontrou grandes dificuldades para que as bandas de rock surgidas por aqui ficassem conhecidas em nível nacional (muita coisa já mudou, mas, ainda hoje isso acontece). Mesmo com esse possível "problema", o RS nunca deixou de formar, produzir e lançar excelentes bandas desse gênero (rock e todas as suas ramificações). Se iniciarmos o "papo" pela década de 70, não há como deixar de citar a excelente Bixo da Seda (originalmente surgida como Liverpool no final dos anos 60).
Os anos 80 (mesmo que eu não simpatize muito com a sonoridade dessa época), o "Rock Gaúcho" fervilhou com o surgimento e/ou reformulação de muitas bandas, vou destacar apenas algumas: Taranatiriça, TNT, Cascavelletes, Replicantes, De Falla, Garotos da Rua e Bandaliera. Na década de 90, muitas outras bandas surgiram por aqui, muita coisa boa foi feita, para o meu gosto eu destacaria além do rock outros gêneros interessantes que apresentaram aos gaúchos gratas surpresas: Wander Wildner, Júpiter Maçã (Flávio Basso), Ultramen, Faichecleres, Walverdes, Cachorro Grande...
Há dez anos (31/07/1999), subia pela primeira vez ao palco, àquela que viria a se tornar uma das grandes bandas de Rock and Roll surgida no sul do país, mais precisamente na cidade de Porto Alegre, "yes", estou falando da Cachorro Grande!
AS ORIGENS...
A origem do nome da banda está diretamente ligada as primeiras incursões nos palcos, nesse tempo ainda não possuíam canções próprias, e a cada shows que realizavam, invariavelmente tocavam covers de algumas das suas bandas favoritas: Stones, Beatles, Who, etc. Para a realização desses shows, um dos capítulos a parte na história da banda era a definição do setlist, nesse momento ocorria sempre uma "briga de cachorro grande" (expressão utilizada no RS ao se referir a algo muito complicado), a partir dessas "brigas" surgiu o nome da banda - Cachorro Grande.
AS CRIAÇÕES...
No ano de 2001 foi produzido o primeiro álbum de estúdio da banda (na minha modesta opinião, o melhor de todos), homônimo, Cachorro Grande, que teve pouca divulgação (lembro na época dos caras indo de rádio em rádio divulgar o som/cd, inclusive tabelando o preço para a venda do cd). Esse disco foi lançado por uma gravadora pequena, não alcançou o grande público, mas levou-os a tocar em diversos festivais de bandas independentes ampliando assim a sua base de fãs. O disco é uma obra, e mesmo com todos os problemas para divulgá-lo, ainda assim conseguiu emplacar várias canções que tornariam-se "hits" da banda: "Lunático", "Sexperienced", "Debaixo do Chapéu" e a minha preferida - "Vai T. Q. Dá".
Em 2004 lançam o seu segundo disco, As Próximas Horas Serão Muito Boas. Rejeitado anteriormente por outra gravadora sob pretexto de ser "não comercial" (baita elogio nos dias de hoje), o projeto só foi em frente graças ao músico Lobão, que lançou o disco em sua revista OutraCoisa. A consequência foi uma maior distribuição, garantindo à banda maior visibilidade. O crescente sucesso a partir das músicas "Hey Amigo" e "Que Loucura!" despertou o interesse da gravadora Deckdisc, que assinou contrato com a banda.
Em 2005, é lançado o álbum Pista Livre, produzido por Rafael Ramos e masterizado no lendário estúdio Abbey Road, em Londres (o mesmo utilizado pelos Beatles). Esse disco alcançou grande repercussão entre o público. Com maior refinamento técnico, o disco conta com músicas que receberam destaque nas emissoras de rádio do Brasil, tais como: "Você Não Sabe o que Perdeu", "Sinceramente" e "Bom Brasileiro".
A banda permaneceu com sua formação original por cinco anos, até a saída do baixista Jerônimo Lima, o "Bocudo" em 2005, logo após a gravação do Acústico MTV: Bandas Gaúchas. Bocudo formou com outros músicos a banda Locomotores, e em seu lugar entrou Rodolfo Krieger, que até então era vocalista e guitarrista da banda Os Efervescentes.
Em maio de 2007, a Cachorro Grande lançou o quarto álbum de estúdio, Todos os Tempos, com produção de Rafael Ramos. São doze canções e o primeiro single foi "Você me Faz Continuar", com inspirações na banda escocesa Primal Scream e nos Rolling Stones. O segundo single do disco foi "Roda-gigante". O disco conta com a particularidade de ter músicas compostas também pelo baterista Gabriel Azambuja, o tecladista Pedro Pelotas e o baixista Rodolfo Krieger.
Nesse ano (2009), eis que a Cachorro Grande resolveu deixar um pouco de lado o estilo rock-garagem & The Who e fazer um álbum mais viajante. Cinema, é o quinto disco dos caras, nitidamente posso citar como inspirações: Pink Floyd, Stone Roses, Kasabian, Beach Boys e vários outros grupos com um pé na psicodelia.
Tais influências estão latentes logo na primeira música, "O Tempo Parou", que lembra muito os (ótimos) brasileiros do Secos e Molhados. Nessa faixa, também fica bem nítido um dos grandes problemas do disco: Beto Bruno, vocalista da banda, cria linhas repetitivas demais e/ou força a voz até atingir timbres bem chatos - e, em alguns momentos, as letras não encaixam bem com a divisão melódica, o que soa estranho.
"A Alegria Voltou" e "Diga o que Você Quer Escutar" são músicas muito bacanas, mas não passam de exceções em um disco que, no geral, caminha sem brilho por 12 faixas. Há espaço ainda para constrangimentos, como a fraca disco-punk "Dance Agora" e "Por Onde Vou", que praticamente copia Oasis.
Esse disco, definitivamente ficou aquém das quatro produções anteriores da banda, muito pouco para aquela que considero a melhor banda de rock do Brasil. Será que a Cachorro Grande está deixando de ser a exceção rocker da atual cena mainstream brasileira? Espero que não!!!
AS PERFORMANCES (AO VIVO)...
Lembro da primeira vez que assisti ao show da Cachorro Grande, uma noite de muito frio em Porto Alegre (era inverno), o ano era 2002 ou 2003 (não lembro exatamente), e o lugar não poderia ter sido melhor: o bom e velho Garagem Hermética. Putz, a performance dos caras ao vivo é algo (quem já assistiu sabe do que estou falando), uma mistura muito bem dosada de virtuosismo, vocal estridente, qualidade sonora, presença de palco, improvisações e muito Rock and Roll...
Nesses dez anos, acredito ter assistido há pelo menos seis ou sete shows da banda, e em todas as oportunidades o resultado sempre foi o mesmo: muito Rock and Roll e diversão garantida!
Àqueles que apreciam o gênero e ainda não assistiram ao show da Cachorro Grande, sugiro que o façam o quanto antes, senão:
"...você não sabe o que perdeu,
você não viu o que aconteceu"...
DISCOGRAFIA |
Site Oficial: http://www.cachorrogrande.com.br/
Fonte: Wikipédia | cachorrogrande.net | Site Oficial Cachorro Grande
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