Desde os primeiros dias de 2010, tenho escutado o excelente disco do Them Crooked Vultures. O trio é composto por nomes consagrados como, John Paul Jones (baixo), eternizado no Led Zeppelin e Dave Grohl (bateria) tocou no Nirvana e atualmente está no Foo Fighters. O guitarrista e vocalista Josh Homme, que completa o trio, integra as bandas Queens of Stone Age e Kyuss.
O projeto começou a tomar forma em 2005, quando Dave Grohl teve a ideia de formar um "supergrupo", mas durante um tempo ficou meio adormecido e agora em 2009 eles finalmente concretizaram o projeto.
O termo "supergrupo" foi cunhado na segunda metade dos anos 60 por ocasião da formação do Cream, que, como se sabe, era formado por três músicos excepcionais da cena musical inglesa da época. Eric Clapton veio da banda de John Mayall, o Blues Breakers; Jack Bruce saiu do Manfred Mann e Ginger Baker era do Graham Bond Organization.
A partir de então, toda vez que músicos de outras bandas se reuniam, a palavra "supergrupo" era utilizada sem parcimônia tanto pela critica especializada quanto pelo público. Na minha opinião, o último "supergrupo" foi o já extinto Audioslave, que trazia ¾ do Rage Against the Machine ao lado do ex-vocalista do Soundgarden, Chris Cornell.
Batizado com o nome do grupo - Them Crooked Vultures -, o CD que acaba de ser lançado no Brasil, deixando claro que um "supergrupo" tem de fazer jus ao termo não apenas reunindo figuras estelares, mas também apresentando um resultado musical acima da média. E é justamente o ponto alto deste disco.
Chega a ser uma experiência desconcertante ouvir a faixa de abertura, "No One Loves Me & Neither Do I", e perceber uma nítida influência do... Cream! Na primeira parte da canção, até mesmo a voz de Homme emula as linhas vocais que fizeram a fama de Bruce como vocalista, ao lado de um certo "distanciamento" sonoro que remete à sonoridade do trio sessentista. Na segunda parte, têm-se a impressão que a banda resolveu homenagear o Led Zeppelin, tamanha é a potência imprimida ao som, com Grohl fazendo uma típica levada do falecido John Bonham, assim como Jones "engordurando" a canção com linhas sinuosas e quebradas (veja aqui os caras tocando tudo isso ao vivo).
Os ecos do grande Led Zeppelin aparecem mais explicitamente na pesadíssima e quase 'quebrada' "Elephants", com Homme fazendo um trabalho guitarrístico que deixaria Jimmy Page orgulhoso (veja aqui esta paulada ). Aos que curtem pequenos experimentalismos, "Reptiles" traz vocalizações inusitadas de guitarra meio bizarras em cumplicidade com uma levada rítmica não menos que sensacional (veja aqui).
Hoje em dia, onde qualquer banda de zé-manés é chamada de "clássica", não deixa de ser reconfortante saber que existem três caras fazendo um som que poderá levar a gurizada a gostar de algo chamado "música".
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