Miles Davis - Kind of Blue (1959)
Às vezes, a badalação exagerada em torno de um álbum o sufoca. Adjetivos fáceis como "clássico", "inovador" ou "marcante" são atribuídos por aí com muita facilidade e, em meio a isso, pode-se perder o verdadeiro valor do material original. Ainda bem que Kind of Blues não precisa dessa advertência - trata-se de um momento que definiu um gênero musical do século 20 e ponto final.
Davis tocava com o extraordinário saxofonista John Coltrane desde 1955 e, nos anos seguintes, eles afiaram sua mágica até chegar a Kind of Blue.
Gravadas no estúdio da Columbia, na 30th Street, em Nova York, as cinco faixas ocuparam duas sessões de nove horas, um tempo notável para uma banda que nunca tinha visto as partituras antes - um truque usado com frequência por Davis para fazer os músicos se concentrarem mais em suas performances. Ele também acreditava em poucos ensaios e, assim, conseguia levar os instrumentistas a uma brilhante espontaneidade.
Desde a abertura em meio-tempo de "So What", o álbum apresenta um leque variado de estilos, como a espantosa "Blue In Green", com Wynton Kelly tocando piano suavemente para acompanhar os lamentos do trompete de Davis, e a languidez da espanholada "Flamenco Sketches". A banda estava tão afinada que forma necessários apenas seis takes para gravar as cinco faixas - apenas "Flamenco Sketches" precisou de uma nova rodada.
O álbum foi celebrado desde o lançamento. Mas nem Miles é infalível. Três faixas foram gravadas no tom errado (o que seria consertado mais tarde, nos relançamentos). Como se alguém tivesse notado!
"Não ligo para o que os críticos falam de mim, seja bem ou mal. Eu sou o meu crítico mais exigente... sou vaidoso demais para tocar qualquer coisa que não considere boa." Miles Davis, 1962.
Resumindo: compre, baixe, peça emprestado, mas não deixe de ouvir...
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Músicas do álbum |
01 | So What |
02 | Freddie Freeloader |
03 | Blue In Green |
04 | All Blues |
05 | Flamenco Sketches |
Fonte: 1001 discos para ouvir antes de morrer. Ed: Sextante Ltda.
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